Rosa Díez insultou deliberadamente

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Está fora de dúvida que a utilização do vocábulo “gallego” por Rosa Díez para desqualificar Zapatero na entrevista que lhe fez Iñaki Gabilondo ofendeu milhares de pessoas. A questão é se se pode estabelecer com suficiente certidão que a ofensa coletiva de Díez foi deliberada, e que portanto as suas pretensas justificações posteriores reforçam o insulto. Após examinar o desagradável diálogo muitas vezes, penso que se pode determinar isso.

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Construindo a “fraude” com palavras: As declarações de Fraga Iribarne

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As declarações de Fraga Iribarne depois das eleições (19-6-2005) sobre uma hipotética “fraude” com o voto dos emigrantes e o 70% dos votos que, pensa ele, conseguirá o PP, colocam vários interrogantes preocupantes. Os comentários respondiam a uma estudada pergunta por parte de uma jornalista:

PERGUNTA: “En estas elecciones es más peligroso que nunca el tema de que se produzca un fraude en el voto de la emigración. ¿Teme el PP que pueda ocurrir esto? ¿Que manipulen los [ininteligível]?”

A resposta de Fraga contém duas partes. Transcrevo apenas a primeira, numerada por segmentos para comentá-la melhor:

RESPOSTA:

1 – “Esperemos que no.
2 – Yo desde luego-
3 – he hablado-
4 – me han llamado desde Uruguay,
5 – me han llamado desde Venezuela,
6 – todos me certifican que (el)-
7 – lo que ha salido de allí
8 – puede ser un setenta por ciento a favor nuestro.
9 – Todo depende de los restos, donde tengan que aplicarse,
10 – pero desde luego el resultado de la emigración ha sido muyyy…
11 – porque nunca, nunca- …”

Na segunda parte, Fraga defende o seu labor, e o do PP, entre os emigrantes galegos.

O discurso revela características particulares que apontam para alguns aspectos planificados previamente. Quer dizer, era esperável que alguém lhe perguntasse algo sobre a limpeza do processo do voto emigrante quando está em questão um escano crucial (o 22 por Ponte Vedra), e Fraga devia estar preparado previamente para responder isto. Isto é natural e provavelmente habitual. Mas as várias reformulações no discurso de Fraga são significativas, como se ele estivesse a procurar a expressão mais atinada ou efectiva para objectivos específicos. Em várias ocasiões, ele detém-se no meio da frase, e reformula o que vai dizer. Este padrão de auto-corrigir-se não se repete claramente no resto das respostas da sua comparecência. Vejamos:

1) “Yo desde luego- “ aponta para a expressão incompleta de uma convicção ou opinião, como “estoy convencido de que”, o “pienso que”. Isto é reformulado.

2) A expressão reformulada “He hablado-“ reforça a evidência do que Fraga vai dizer. Uma cousa é opinar, outra muito distinta é ter “provas” que provêm de experiências. Mas a expressão também fica truncada, e é também reformulada. “He hablado” é ambíguo num sentido: poderia implicar que ele mesmo, ou a sua equipa, chamaram a “Venezuela” ou “Uruguay” para conhecer a situação eleitoral; ou poderia implicar que a iniciativa da chamada surgiu de organizações do PP destes países. Fraga interrompe-se e especifica que são “os seus” (os seus subordinados; ele é presidente do PP) quem o chamaram. Isto é significativo, porque pouco antes na comparecência, Fraga deixara claro que não chamara nem a Touriño nem a Quintana, e que eram eles quem deviam chamá-lo a ele. Na hierarquia, são os subordinados os que devem chamar aos superiores. Da mesma maneira, pareceria debilidade demonstrar que o Presidente da Junta e do PP está a chamar ao seu partido no estrangeiro para interessar-se polos resultados e ver se perdiam ou não, sobretudo quando é ambíguo quem o chamou concretamente. Daí a necessidade de especificar que não foi ele quem chamou (o mais interessado na vitória!), mas os seus subordinados.

Por último, a sequência “desde Uruguay… desde Venezuela…” aponta para uma série incompleta: podemos supor que também “o chamaram” desde mais lugares (como Argentina, onde se encontra a maior parte do eleitorado emigrante), mas sempre de Latinoamérica.

3) A expressão “Todos me certifican que (el)-“ também vai ser reformulada. A conclusão poderia ter sido “el voto” ou “el resultado”. Mas adiante Fraga falará de “el resultado de la emigración”.

4) Fraga passa a reformular o anterior enfaticamente, destacando um contraste entre “allí” e “aquí”. “Lo que ha salido de allí” é o que remeteram os votantes, enquanto o implícito “aquí” é o aparelho administrativo (os correios, etc.), sob responsabilidade do Governo e do PSOE. Evidentemente, nenhum poderia “certificar” a Fraga que o que saíu dos consulados é o 70%. Portanto, Fraga está a referir-se às estimações de voto segundo os seus partidários no estrangeiro. Quanto à escolha do verbo “certificar”, não há qualquer indício para interpretá-lo num sentido literal; pode ser sinónimo de ‘assegurar’, e só destaca a firmeza da “evidência”.

5) “puede ser un 70% a favor nuestro” é uma expressão muito significativa. Os cálculos que se dão estes dias indicam que, com efeito, o PP precisaria em torno do 70% do voto CERA para garantir o escano 22 por Ponte Vedra. Que pode fazer pensar a Fraga que é essa a percentagem que obtivo o PP, quando nas últimas eleições (gerais de 2003) foi menor, e quando acaba de comprovar que o apoio percentual ao PP na Galiza também baixou? Evidentemente, os cálculos do PP (como os dos outros partidos que fizeram comparecências públicas) estavam preparados e debatidos de antemão (um candidato não faz uma comparecência pública sem saber em detalhe como andam as cousas), e Fraga sabe (ou disseram-lhe) que essa é a percentagem segura do voto CERA por Ponte Vedra para alcançar o escano 22.

Um pode imaginar, portanto, que o diálogo do PP galego com “Uruguay” e “Venezuela” foi muito distinto: nalgum momento, o PP galego chamou estes países e inquiriu e destacou, após conhecer os resultados, que se precisaria o 70% dos votos para assegurar esse escano. Poderiam as organizações do PP nestes países (ou outros interlocutores sem especificar) confirmar estas percentagens? A resposta perante “Dom Manuel” foi que sim. Como poderia ser de outra maneira? Como iam reconhecer que não, se era o caso? Mesmo se os informadores de Venezuela ou do Uruguai não confirmaram estes dados, como ia reconhecê-lo Fraga numa comparecência que poderia ser a sua despedida política? Havia que evitar que o fosse.

6) A expressão “Todo depende de los restos, donde tengan que aplicarse” incorpora um matiz novo no discurso: Fraga está a destacar a vitória do PP no voto emigrante no seu conjunto (mais ou menos 70%). Mas, evidentemente, nem o PP galego nem o do Uruguai ou Venezuela podem conhecer em detalhe para que província iriam esses votos. Portanto, Fraga parece deixar a porta aberta a que em Ponte Vedra a percentagem seja menor, porque o que parece estar em questão é esse escano 22. “Todo” (em “todo depende”) significa ‘obter esse escano’. Mas todos sabemos que isto, precisamente, não “depende”: que é em Ponte Vedra onde, ao aplicar o cômputo, se pode modificar o resultado provisório. Ou não só? Pois não só: Fraga pode estar a sugerir também que esse 70% mais ou menos deve dar-se também noutras províncias, como Ourense, onde o PSOE baralha a possibilidade de obter o escano 5 contra o 8 do PP. As palavras iniciais “Espero que no haya fraude” cobram, portanto, um novo matiz: Fraga “esper(a) que no haya fraude” também no que respeita a província de Ourense, pois só com a manutenção deste escano 8 por Ourense poderia o escano 22 por Ponte Vedra dar a maioria absoluta ao PP.

7) Por fim, Fraga matiza o seu discurso e, presumivelmente, começa a destacar de novo o bom resultado do PP: “pero desde luego el resultado de la emigración ha sido muy…”.

8) A partir daí, Fraga começa a segunda parte: Interrompe-se de novo e começa a relatar as acções positivas do PP e dele mesmo na emigração americana. Destaca o apoio para o PP, e critica os outros candidatos. Fraga menciona que talvez o evento mais importante da sua vida fosse um acto multitudinário em Buenos Aires, apresentando-se então mais do que nunca como “filho de emigrantes”.

Significativamente, esta segunda parte talvez constituísse o último acto eleitoral de Manuel Fraga Iribarne, transmitido talvez pola TVG internacional e sem dúvida pola Internet. É um discurso orientado para o exterior, para salvar a sua imagem na emigração caso de perder a maioria absoluta. Mas também parece orientado a captar votos. Captar votos quando já acabaram legalmente as votações? Por que vias?

Em resumo, a intervenção de Fraga Iribarne é preocupantemente ambígua. Apoiado numa pergunta preparada de manual, Fraga procura dar a volta ao que se entende comumente por “fraude” (votar repetidas vezes, substituir papeletas, votar por pessoas mortas, etc.), para sugerir na hipotética “fraude” uma implicação das administrações do Estado e talvez dos Consulados ou do PSOE.

O terreno discursivo está preparado para estes dias: se o PP não obtém em torno do 70% dos votos da emigração que lhe dê o escano por Ponte Vedra, a sombra da “fraude” “aquí” (não “allí”) esvoaçará sobre os resultados. Num debate da TVE2 sobre as eleições no mesmo domingo, Anxo Guerreiro apontou muito atinadamente as implicações desta sugestão de Fraga, só para encontrar que outros contertúlios (Domingo Bello Janeiro e José Antonio Portero Molina) lhe restavam ferro aos comentários de Fraga. Bello Janeiro explicou a íntima ligação de Fraga com a emigração, e Portero Molina não lhe deu “mayor transcendencia” às declarações, acrescentando que Fraga disse o 70% “como podría haber dicho el 60% o no haber dicho nada; yo creo que esto es irrelevante”. O debate sobre este assunto fechou-se, infelizmente, aí: Portero Molina passou a falar da baixa do BNG (comentada por Fraga) e da galeguidade do PSdeG-PSOE.

Obviamente, estas são interpretações. Neste dia, o Discurso ainda progride. Por exemplo, a ênfase dalguns médios nos “8.000 votos” necessários para o PP obter esse escano (uma inexactidão, porque a diferença necessária dependeria do número total de votos emitidos por Ponte Vedra, tanto internos como do CERA) também contribui para esta confusão.

Só com os resultados finais na mão, haverá que ver se o PP, caso de não obter esse escano, aproveita discursiva e politicamente a sombra da fraude. Que os três partidos parlamentares na Galiza e os meios de comunicação estejam a baralhar a expressão “fraude eleitoral” num sentido ou noutro com total normalidade revela uma preocupante concepção do sistema democrático formal. Lembram as eleições USA 2000? Mas já advertim noutro artigo que eu não sou democrata.

Com motivo da forma

Prólogo para o livro-catálogo da exposição Berta Cáccamo. Pintura 1999, Galeria VGO, 26-11-1999 – 5-1-2000. Vigo: Galería VGO, pp. 12-13.

Muito antes que a linguagem fosse isto tal como a conhecemos, quero imaginar que povoavam as estepes e os escassos rios clandestinos onde abrevavam os humanos formas geométricas primordiais, traços preliminares do sentido. À tarde, quando desce um sol equatorial e caem as capas vermelhas do céu sobre o cansaço que produziu a caça, alguém teria subido ao cimo da montanha preta a contemplar lá embaixo o itinerário das formas, dissimuladas no mato, a aboiarem no ar como suaves naus pré-históricas a pouca altura das ervas da savana, ou a pousarem na superfície da lagoa à maneira de borbulhas mansas. Então, iluminada por uma enorme empresa de futuro, conhecendo já intimamente os ciclos das luas e a vastidão das possessões da sua espécie (o mundo), essa mulher antiga que subira até ao cimo da montanha teria proferido os primeiros tipos de palavra como réplicas das formas que admirava. E para ela o óvalo do fruto foi uma vogal seguida de uma consoante suave. A linha ubíqua dos ramos das árvores, do curso dos rios, do quebrado rego vermelho deixado pola presa ferida, foi uma vogal delgada que saía da necessária dor de matar um animal humilde. E com o súbito troar que precedeu a chuva, a curva das nuvens foi uma sucessão vibrante nesse final da boca onde aninham os medos e cresce à noite a mancha duma ânsia e ela procura por toda a obscuridade os olhos fitos doutro corpo para amar-se. E, assim, nas formas preliminares do sentido surgiram simultaneamente a voz, os ícones e o gesto, que são a mesma matéria e fazem parte da mesma matéria do assombro que buscamos.

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A ausência de linguagem

Publicado em A Nosa Terra 840, 23 Julho 1998, p. 31 • Non! – crítica & intervenção [ligação não operativa]

Nunca se poderá destacar suficientemente a instrumentalidade da apropriação da língua e da palavra na sociedade capitalista para a dominação social. Embora os sociolinguistas não o saibam, a primeira divisão entre as gentes que estabelece o capitalismo não é entre aqueles que falam a Língua A e aqueles que falam as Línguas B ou C, mas entre aqueles poucos que possuem uma linguagem e aqueles muitos que simplesmente são utentes duma língua, ou duas, ou três. A complexidade das condutas diárias é reduzida por políticos e sociolinguistas a cifras de “falantes” que “escolhem” uma língua (ou “Língua”) ou outra, e é curioso constatar que esta “escolha” se constitui num visível signo científico dos grupos sociais, como se houver algo inerentemente transcendental em proferirmos sons para comprar pão na loja da esquina ou para comentarmos sobre os vizinhos. Os “povos”, assim, são dirimidos em grupos de “falantes”, e estes grupos são assignados a cifras visualizáveis. A territorialização da gente em populações sociolinguísticas emula outras territorializações sociais, como amostra dos complexos protocolos inerentes ao capitalismo para impedir a emancipação, isto é, o reconhecimento próprio e mútuo das pessoas como forças activas na essencial procura da utopia.

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Com as línguas cortadas

Publicado em Çopyright 10, 30 Julho 1996

UM

A realidade compõe-se de um número impreciso de mundos concêntricos de verdade e falsidade, todos eles cruzados por frechas de linguagem, o único material que nos resta para exprimirmos a complexidade e o assombro. Onde começarmos é sempre a tarefa mais inumana, quase impia, pois em articularmos um desses espaços de realidade por meio da linguagem ignoramos os outros. Isto é o que me acontece hoje, forçado a converter em território plano de palavras as multíplices dimensões dos signos do social. O quem sou, o quem me defende realmente detrás deste triste discurso, é talvez a questão acessória: o perigo é aceitarmos a estrita limitação do texto, a sua falácia, como se a razão de o texto não nos revelar a verdade fosse simplesmente uma carência nossa, não a carência imanente dos objectos.

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Tristes monolingues do poder

Escrito em Berkeley, EUA • Publicado em A Nosa Terra, e em Gaveta 4 [Revista da Faculdade de Humanidades da Universidade da Corunha], 1993, pp. 33-35

NOTA NA PUBLICAÇÃO EM GAVETA:

Estivem a ponto de dizer: «Este texto foi escrito em 1989 e publicado previamente em…», mas não seria certo. Um texto perigosamente semelhante ao que segue foi composto, com efeito, nesse ano cada vez mais remoto, desde o estrangeiro, e naufragou para comum esquecimento na ilha A Nosa Terra na singular data do 28 de Dezembro.

Todas as palavras daquele escrito coincidem basicamente com as de este, e exibem idêntica orde. Neste texto muda, isso si, a grafia, por aquilo de complicar as cousas, e por exercitar a saudável prática de nunca concordar de todo com um mesmo.

Mas nestes anos mudaram, sobretodo, várias cousas que alguns ainda proclamam valentemente não pertencerem já a «o próprio Texto»: a história do país, que amparo assi na ambigüidadade por preservar em cada um de nós um distinto referente imaginário; as nossas maneiras de falar ou não-falar, que às vezes me pergunto por que não poderão já duma vez ser o mesmo; o mapa do poder, ou dos poderes, desenhado a golpe de ditames e intercâmbios mentres dormíamos ou singelamente admirávamos de espaldas uma reticente primavera; a tinta da minha impressora fadigada (quase digo «máquina de escrever», pero logrei voltar a tempo a este tempo); e, talvez o menos importante, mudou a minha própria leitura limitada dos feitos e das cousas.

Este texto sai hoje aqui a pedimento suficientemente explícito da Redacção de Gaveta. Nunca comprendim de todo certas afeições polo vazio, pero muito me temo que as respeito.

Em Mil altiplanos: Capitalismo e esquizofrenia, 2, Deleuze e Guattari aventuram que «é na língua própria na que um é verdadeiramente bilingüe ou multilingüe». Não sei se isto é mero jogo de palavras, mas, pode-se falar da língua sem fazer jogos de palavras? Penso que os autores nos recordam que falar não é só pronunciar, senão ter vozes, identidades invocadas, posicionamentos e atributos locais, situados nos encontros sociais, e que acham na fala um entre vários vieiros de expressão, uma saída, uma manifestação ou uma fugida do heteroglóssico universo interno que tantas vezes, desnecessariamente, sentimos como trampa. Invocar estrategicamente uma das nossas identidades por meio da fala é o poder que temos e o jogo que nos caracteriza como actores sociais, já não como indivíduos senão como divíduos: como vozes.

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A ambiguidade

Escrito em Berkeley, EUA • Publicado em A Nosa Terra

Há pouco dizia-me uma amiga que os meus escritos eram ambíguos demais e, polo tanto, fascistas. Talvez isto seja porque a linguagem possui um defeito irresistível que é a nossa arma e a nossa perdição: confere um falso sentimento de certeza. Em realidade as palavras, supostas representações de conceitos, situam-se em pontos diversos dum imaginário espaço sem fronteiras. Mesmo é frequente que uma palavra ocupe mais dum lugar figurado simultaneamente. Mas um hábito nosso bipolar e maniqueu, que nos ajuda a dar-lhe sentido à irregularidade social, tende a assignar-lhes às palavras conteúdos absolutos, a afastá-las a um lado ou outro da conveniente mas arriscada dicotomia verdade/falsidade.

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