Rosa Díez insultou deliberadamente

Publicado em Xornal • Em Vieiros

Está fora de dúvida que a utilização do vocábulo “gallego” por Rosa Díez para desqualificar Zapatero na entrevista que lhe fez Iñaki Gabilondo ofendeu milhares de pessoas. A questão é se se pode estabelecer com suficiente certidão que a ofensa coletiva de Díez foi deliberada, e que portanto as suas pretensas justificações posteriores reforçam o insulto. Após examinar o desagradável diálogo muitas vezes, penso que se pode determinar isso.

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A perfeição da democracia pós-representativa

Publicado em Diário Liberdade

A pós-democracia, ou democracia pós-representativa, chegou a tal grau de perfeição que os nossos representantes, homens e mulheres, são imagens fieis de nós mesmos. Votar neles, e escolhê-los, faz como se nós próprios estivéssemos nas instituições, muito perto da Lei e do Rei.

A democracia pós-representativa é tão perfeita que, se um dos nossos representantes morrer ou deixar o cargo, pode ser substituído de contado por outro na mesma lista, pois será uma réplica exata do anterior e de nós mesmos.

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O jogo institucional da língua

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«Agora ben, o galego xa non é o portugués, e iso ocorre dende finais da Idade Media. Calquera reintegracionismo é un forzamento da Historia, e como dicía Tony Negri calquera forzamento da realidade é terrorístico».

(Xosé Luis Méndez Ferrín, presidente da RAG, em entrevista no Xornal, 6/2/2010, edição digital)

     Nunca antes, com excepção da polémica de 1986 sobre o dever de conhecer o galego eliminado da Lei de Normalización Lingüística (LNL), foi tão claro o processo que dei em chamar por primeira vez, há agora 20 anos, a institucionalização do galego. Por institucionalização não quis nem quero dizer uma difusão “normalização”, mas a redução da língua a um objeto de tratamento jurídico, e o seu submetimento à dinâmica institucional, reflexo da política. Num contexto de verdadeira crise sociolinguística (crise de usos e de transmissão), o debate atual sobre as Bases para o decreto de plurilingüismo no ensino (em diante, Bases) manifesta transparentemente esta institucionalização totémica, com curiosas ramificações discursivas.

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