No excelente documentário La maleta mexicana, sobre uma mala perdida de negativos da Guerra Civil espanhola de Robert Capa e outros dous fotógrafos, o escritor mexicano Juan Villoro sentencia de maneira inimitável:
“Las guerras terminan en una fecha concreta, pero es muy difícil saber cuándo terminan las posguerras, y quiénes ganan las posguerras”.
E continua: “En el caso de la Guerra Civil española se ha extendido mucho la división de las famosas dos Españas, y la crispación y la manera de entender el pasado no ha dejado de ser distinta para sectores del mundo español”.
No mesmo filme, o arqueólogo forense Francisco Etxebarría, implicado em desenterrar a memória dos ossos matados, diz: “El riesgo de la memoria, y de la memoria histórica, es que queramos escribir la historia con los intereses del presente. Y por lo tanto hay que ser muy prudente”.
E eu pergunto-me: Agora que ETA não existe, no após-guerra da sua guerra, dizer “Gora ETA!” (algo que eu não diria) é ainda delito? Porque uma cousa é segura: dizer “¡Viva la Guardia Civil en Euskal Herria!” (algo que eu não diria) nunca foi delito, nem o será.
Esta liberdade de gritar é necessária, mesmo se parece exaltar uma dada forma de terror, das várias possíveis. Mas não pode ser desigual. Porque, se não, o paradigmático “relato” monolítico continuará a ser o mesmo, repetido e pontuado aproximadamente cada 40 anos desde o 1 de abril de 1939.