Em Diário Liberdade ★ Em MundoGaliza
Deve ser assim, tal como o instruíam os maiores na nossa mocidade, quando se forma o primeiro pensamento político pola observação elementar da injustiça e da miséria. Deveu ser sempre assim e não o sabíamos, quando nos diziam: “És jovem. Está bem que lutes polos teus ideais enquanto tenhas energia. Mas saberás que o mundo não é assim. A Revolta que imaginas não existe. Algo ficará do que fazes, mas a mudança é lenta. Logo instaura-se em ti o realismo. Claro que sim, luta agora polo que julgues justo. Mas não creias que o conseguirás em vida, ou sofrerás mais”.
Deveu ser sempre assim e não o sabíamos, enquanto íamos cultivando as formas constantes da derrota como o nosso sucesso mais prezado, a nossa única manufatura coletiva. Mas tanta derrota fatiga. E, afinal, sabes?, impõe-se o realismo. Deve ser um mecanismo psíquico muito poderoso, e não o sabemos: se não podes vencer no que pensas, vence unindo-te ao contrário do que pensas e daquilo polo que lutas. Terás assim certeza da vitória, e disporás de muitas maneiras de fazer racional tal desatino. Dirás que, na verdade, pensas igual que antes, embora pareça que ages ao contrário. Ou dirás que é o mundo que mudou, não tu. Que, na realidade, um mesmo ideal pode tomar formas tão variadas que só uma análise simplista não reconhece a sua identidade. Que aquele comunismo libertário morreu, que aquele pacifismo extremo hoje é suicida, que aquele feminismo de raiz é já desnecessário. Por isso, falar como antes, dirás, é obsoleto, o mais oposto ao progresso. Deve ser assim que vai crescendo dentro, onde se forja o ser cada vez mais próximo da morte, essa ansiada sensação de vitória íntima, que nos ocupa e atrai desde a mocidade ilusa. Aprenderás que, afinal, não se amava o alvo inatingível: amava-se a própria sensação de vitória.
Por isso agora, sabes?, é preciso obedecer para vencer. Resistir o curso da vitória é fútil. Pactar as formas da opressão e da morte é a única saída para vencer, por fim, como queríamos. Porque não são opressão nem morte: são as formas atuais da liberdade e da vida, não sabias? Não tenhas tanta ingenuidade: as palavras apenas são cascas, não sejas fetichista. E, sobretudo, resta-che o consolo duma grande missão: após de nós, felizmente, vão marchando outras gerações com ilusão antiga, a quem devemos instruir no exato protocolo. Devemos dizer-lhes, como fizeram connosco: “És jovem. Luta, claro, luta enquanto tenhas energia, porque é uma forma de beleza. Eu também o fiz. Mas, se quiseres, também podes deter-te e observar-me. Eu já tenho idade, mas sou contente porque por fim triunfei contra mim, como cumpria”.
Deveu ser sempre assim desde que nasceu o ovo da serpente, e não o sabíamos. O procedimento é fácil. Inclina o pescoço. Tens direito a escolher o instrumento. Em qualquer caso, não temas: será rápido. Enfrente dos teus olhos passará feliz toda a tua vida, como uma canção comum que te fazia estremecer de liberdade.
Pois é. A victoria deixa de ser persoal, sensíbel as nosas necesidades máis íntimas para se converter nunha cousa, obxectos manufacturados que nos veñen dados, que nos impoñen como necesidades cando non os temos e como victorias cando temos o poder de os conseguir e por fin os conseguimos. E cantas máis cousas temos, máis forte é a sensación dunha victoria que non naceu connosco, que non se axusta ao noso ideal de victoria, a aquel ideal que desexamos por nós mesmos e non nos fixeron desexar. É nese momento cando substituímos a victoria nosa pola deles e cando empezamos tamén a formar parte de todo aquilo que antes desprezabamos. E como non nos programaron para odiar o propio… (¿¿?? Ehem…) Rectifico, para odiar todo aquilo que nos FAN VER como propio, rexeitamos o que pariu unha individualidade consciente e aclamamos o “totum revolutum” que fabricou unha sociedade inconsciente. E, ao final, ese ideal de victoria, como todos os ideais que non se cumpren, é só un obxecto de beleza afastado, até caduco, que observamos desde a distancia que nos concede unha vitrina de museo: “Este ideal de victoria é belo, aínda que groso de máis. Hoxe en día as victorias non van en coiros, son moito máis finas e visten todas de Versace”.
Grande o artigo e inspirador 🙂 Obrigada.
Pois é, Iris, já tu bem o dizes. Abraço!
Well, my Portuguese is not so good so I will leave the comment in English. Youth is the same in all times, do you know that even Pluto talked about the generation gap and all the stuff we use for today’s parents – child relationship?