Quando chegaram as primeiras notícias de que as explosões das Torres Gémeas foram causadas por aviões kamikazes, escutei duma pessoa hipercrítica com o mundo inteiro: “Claro. Os aviões são as bombas dos pobres”. Os “pobres” que planificaram e financiaram o massacre resultaram ser petromonarquias árabes, não palestinianos desapossados. Naquele 11/9 escutaram-se também vozes clarividentes de que o atentado era predizível, que “se via vir”. Com a vitória do machista, classista e racista Donald Trump para a presidência dos EUA, confirmada num inverso 9/11, observam-se respostas semelhantes que, com tal de criticar a assassina Clinton — que é amiúde chamada Killary por Hillary — trivializam as implicações da vitória do republicano, a quem apresentam pouco menos que um palhaço populista mas que, no fundo, diz verdades necessárias. Pablo Iglesias opina num artigo em Público (09/11/2016) que o populismo é de facto um “momento político” “Trump y el momento populista”), e do qual pode haver versões de “esquerdas” e de “direitas”; e Errejón “teoriza” em LaSexta em 09/11/2016 que Espanha, porém, está vacinada contra o populismo de ultradireita porque viveu o (glorioso) 15-M que teria feito nascer Podemos. Bom, além de ignorar que na Espanha a ultradireita já está no poder (o qual é grave), Errejón talvez esqueça que EUA viveu o enorme movimento Occupy, que deveria ter vacinado contra a vitória do populismo de Trump. (Ou — dentro dessa lógica — que o teria nutrido, como o 15-M a Podemos?).
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