Em MundoGaliza
Estou farto. Levo décadas emprestando o meu dinheiro aos bancos (eles chamam-no “aforros”) só para que eles, com o meu empréstimo, ganhem mais dinheiro do que me dão. Além disso, nem sequer lhes exigi um aval. Eles dizem que me “guardam” o dinheiro (por se o gasto ou mo roubam), mas eu tenho a sensação de que está sequestrado. Depois, se eu lhes pido dinheiro emprestado (do que eu e outras pessoas lhes emprestam), pedem-me um aval, e uns juros muito mais altos dos que lhes pido eu. Se eu não lhes pago o crédito, embargam-me os bens, reapropriam a casa que pensam que é deles, e vendem-na à mínima. Mas se eles não me devolvem o que eu emprestei por falta de “liquidez” (chamam-no “preferentes” ou “corralito”), os seus bens não saem ao público não: amiúde tenho eu que emprestar-lhes ainda mais dinheiro (chamam-no “nacionalização”) para, caso possível, me devolvam o que lhes emprestei ao começo! É o viciado ciclo da dependência que os grandes bancos praticam com os países “subdesenvolvidos”, mas dado a volta: resulta que os bancos dependem de nós, e nem o sabemos.
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