Publicado em Çopyright 1, 18 Maio 1996
É mais fácil imaginarmos o discurso como uma tarefa cooperativa onde “nós” -uma colecção de sujeitos humanos desconexos- nos esforçamos pela harmonia. Mas o nosso próprio esforço revela a natureza muito distinta da fala. O discurso é um terreno movediço, uma área perigosa de projecções, onde nos mimetizamos em corpos animados que enactuam a biologia como enactuam a História. O pavoroso silêncio do não-dito e puramente imaginado esvoaça sobre as conversas, enquanto o silêncio do não-dito mas temporariamente compartido fornece apenas um débil e cambiante apoio para a assembleia de palavras e olhadas inconclusas.